A Ordenança da Ceia (Continuação)

 Assunto: A Ordenança da Ceia (Continuação)

Texto Básico: I Cor. 11:17-34.

 

Texto Áureo: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (I Cor. 11:26)

 

    Introdução

      “Para que tanta insistência quanto ao modo de tomar a Ceia?” perguntam alguns. Argumentam que basta ter um coração sincero e que essa insistência batista estaria apenas criando mais problemas e divisões entre os crentes. Respondemos que o motivo da falta de uma unidade cristã é justamente o desvio generalizado do modelo apostólico. Ademais, um coração sincero procurará sempre obedecer ao máximo os mandamentos do Senhor.

     Quanto à importância a respeito do modo de celebrar a Ceia, o apostolo Paulo nos adverte que “qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado do corpo e do sangue do Senhor”, “o que come e bebe indignamente (de uma maneira indigna, incorreta), come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor” (I Cor. 11:27 e 29). Com estas palavras, ele não deixa nada para a nossa imaginação quanto ao resultado de desprezarmos o modo correto de celebrar a Ceia. Além disso, ele afirma no versículo 30 que por causa da igreja em Corinto não observar a Ceia como lhe foi confiada (v.23), havia entre eles muitos “fracos e doentes” e “muitos dormiam”, ou seja, haviam morrido! A “condenação” a que se refere o verso 29 consiste na disciplina, sendo “repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (v. 32).

 

      Na ultima lição descobrimos que a Ceia é restrita quanto aos elementos que devem ser usados. Notemos agora que:

 

      2. A Ceia é restrita quanto à sua finalidade.

      No Cristianismo existem três posições a este respeito. São elas:

    1. A Católica Romana. Os “sacramentalistas” vêm na Ceia um meio de adquirir a própria salvação. Citamos como prova o novo missal da Editora “Ave Maria”, que prescreve as seguintes palavras para o “celebrante” da Missa: “Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor nosso (o pão e o vinho), nos sirva para a vida eterna” (pág. 21) e às pessoas depois de comungarem: “... e que este alimento temporal se nos torne meio de alcançarmos a eternidade feliz” (pág. 23). Como mostraremos mais adiante, este erro se baseia em outro, o de considerar os elementos com sendo o verdadeiro corpo e sangue de Cristo.
    2. A “Evangélica”. Certos “evangélicos” crêem que é necessário tomar a Ceia para conservarem-se salvos ou em outras palavras, deixar de tomá-la incorre na perda da própria salvação. Este ponto de vista se apóia em dois erros: o de atribuir às nossas obras depois de convertidos a função de ajudar na conservação da salvação, ou seja, uma mistura de salvação pela graça e pelas obras, o que é uma contradição (Rom. 11:6). O segundo erro consiste em crer um pouco no sacramentalismo, atribuindo aos próprios elementos da Ceia algum poder misterioso em si.
    3.  

    1. A Batista. Entendemos a Ceia como um memorial, não nos ajudando nem a obter nem a conservar a salvação. Esta é a posição correta, por ser bíblica. É muito importante que o participante da Ceia esteja consciente desta verdade e que saiba tomá-la inteligentemente, tendo já a certeza da sua salvação e celebrando-a por obediência ao mandamento do Senhor.
 

     Quando Cristo disse em João 6:35: “Na verdade, na verdade, vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos”, Ele certamente não se referia à Ceia. Suas palavras foram mal-entendidas naquela ocasião (v.52) e ainda o são! Quanta gente ainda atribui algum mérito ao próprio ato de comer o pão e beber o suco da Ceia! Mas Cristo explicou que “comer a sua carne” e “beber o seu sangue” são figuras de linguagem que significam o ato de recebê-Lo no coração por meio da fé!!! (João 6:28, 29, 35, 47). Depois de biblicamente batizado, o crente passa a celebrar a Ceia na sua igreja como um ato solene e simbólico em que declara já ter recebido a Cristo e que diariamente pela fé comunga com Ele! Então o ato físico de comer e beber simboliza algo espiritual, a comunhão íntima do crente com seu Senhor!

     Apoiando-se nas palavras de Cristo “... isto é o meu corpo...” e “... isto é o meu sangue” (Mat. 26:26-28), a Igreja Romana procura estabelecer a doutrina daTransubstanciação, pela qual os elementos se transformam no corpo e sangue de Jesus após serem consagrados pelo vigário. Já a doutrina da Igreja Reformada Luterana é um pouco diferente pois, embora não crendo que os elementos se tornem realmente no sangue e no corpo de Cristo, ainda insistem que Ele está presente de alguma forma misteriosa  nos elementos após terem sido consagrados. Esta doutrina é chamada Consubstanciação.

      Os batistas negam as duas doutrinas, afirmando que a linguagem empregada por Cristo deve ser entendida simbolicamente, podendo ser comparada a outras expressões como: “As sete estrelas são os anjos da sete igrejas, e os sete castiçais que viste, são as sete igrejas” (Apoc. 1:20) ou ainda “a pedra era Cristo” (I Cor. 10:4). Certamente esse uso de linguagem figurada é muito comum na Bíblia. Portanto aceitamos a expressão “isto é o meu corpo” como significando que o pão da Ceia representao seu corpo. Como já demonstramos, o que é material não pode substituir ao espiritual, mas pode muito bem ser empregado para representar simbolicamente a algum valor espiritual.

     Qual é então a correta finalidade da Ceia? Jesus Cristo a definiu claramente ao proferir estas palavras: “Fazei isto em memória de mim” (Luc. 22:19). O apostolo Paulo reafirma esta verdade quando disse: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha” (I Cor. 11:26). A Ceia é, portanto um simples ato memorial, que tanto serve para recordar a morte do nosso Senhor como também a Sua promessa de voltar um dia! A antiga cerimônia da Páscoa relembrava a libertação de Israel da escravidão no Egito e ao mesmo tempo antecipava simbolicamente a nossa libertação do pecado pela morte do Salvador. Agora, quando uma igreja toma a Ceia, ela olha para o passado - a morte de Cristo - e para o futuro, antecipando a Sua segunda vinda. Como uma pessoa que ao despedir-se dos amigos deixa uma fotografia de lembrança, assim nosso Senhor nos deixou como que um retrato da Sua preciosa morte na cruz, pela qual fomos resgatados do pecado e reconciliados com Deus (I Ped. 2:24; 3:18; II Cor.5:21; Rom. 5:10).

     Sendo a Ceia um memorial de Cristo, não podemos ceder ao sentimentalismo de certos irmãos que gostariam que ela fosse oferecida aos seus parentes, familiares ou aos amigos da igreja, para não correrem o risco de ofendê-los ou magoá-los. Deve ser explicado a estes crentes “sentimentais” que não podemos ignorar as restrições bíblicas porque a Ceia não é um acontecimento social ou festa familiar. Aliás, este foi um dos erros apontados por Paulo na igreja em Corinto! (I Cor. 11:20-22)

     A Ceia proporciona momentos preciosos para o crente, pois nos induz a refletir sobre como alcançamos a salvação e o quanto somos amados pelo Pai e pelo Filho. Assim, de um modo muito íntimo e intenso, cada um de nós é levado a dirigir os pensamentos ao nosso maravilhoso Salvador, a quem ansiamos ver face a face quando da Sua volta gloriosa!! (I Pedro 1:7,8)

 

     Durante a Ceia o crente não deve pensar em mais ninguém a não ser em seu Salvador. Qualquer assunto ou mesmo a lembrança de pessoas queridas como pai, mãe, marido, esposa, filhos ou amigos íntimos não devem ocupar a nossa mente durante este memorial tão especial. Afinal, é a hora da gratidão!

 

      Questionário da Lição 29.

     1. Em que situação ficará o crente se tomar a Ceia indignamente?

     2. Explique quais são as três idéias sobre o significado do pão e do suco de uva na Ceia, encontradas no Cristianismo. Qual delas é a certa?

     3. O que significam as palavras de Jesus quando falou em comermos a sua carne e bebermos o seu sangue?