A Justificação

 Assunto: A Justificação

Texto Básico: João 5:24

 

Texto Áureo: “O qual nos livrou de tão grande morte, e livrará; em quem esperamos que também nos livrará ainda” (II Coríntios 1:10)

 

      Introdução

      Suponhamos que você quisesse mostrar a sua casa a um amigo que mora bem longe. Para ele ter uma boa idéia de como é a sua casa, seria preciso não uma mas várias fotografias de vários lados, além de algumas internas. E verdade que você poderia pegar qualquer uma das fotos e dizer: “Esta é minha casa”, embora não mostrasse todos os aspectos dela. Assim também foi necessário que o Espírito Santo empregasse muitos vocábulos na Bíblia para descrever essa “tão grande salvação”.

 

     Vista do lado humano, a nossa salvação é realizada em três etapas ou tempos: passado (Tito 3:5; II Timóteo 1:9), presente (Filipenses 2:12,13) e futuro (Romanos 13:11; I Pedro 1:5). A Bíblia chama a etapa passada de JUSTIFICAÇÃO, a atual de  SANTIFICAÇÃO e no aspecto futuro GLORIFICAÇÃO. Estudaremos estas e outras palavras que formam o vocabulário divino sobre a nossa salvação.

 

      A – A Justificação

 

     1) O Significado da Justificação. Deus quer que todo crente, por mais humilde ou iletrado que seja, compreenda este importante vocábulo. Embora seja uma palavra “grande”, o seu sentido não é complicado.

 

       “Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1). Este versículo faz alusão  à posição que todo crente verdadeiramente convertido e nascido de novo desfruta diante de Deus pois todo crente, por fraco que seja, é uma pessoa justificada. Que significa essa “justificação”? Na linguagem comum, justificar uma pessoa significa “inocentá-la, livrá-la das acusações”. Por exemplo, ser “justificado” por um juiz significa que a pessoa foi acusada e depois foi declarada inocente e livre de culpa. Suponhamos que uma pessoa nesta situação encontre com um conhecido, o qual lhe diga: “Que bom! Então o juiz foi bondoso e perdoou você!”. Ele então responderia: “Não! Eu não fui perdoado! Fui declarado inocente das acusações que me fizeram ou seja, eu fui justificado. Nunca cometi um crime para precisar ser perdoado! Foi provado que a acusação era falsa e por isso eu fui absolvido pelo juiz.. Perante a Lei eu estou livre!”

 

     Através desse exemplo, poderemos entender a diferença entre justificação e perdão. O culpado merece o castigo e implora pelo perdão. No caso do inocente, ele quer que lhe seja feita justiça, sendo declarada a sua absolvição ou justificação. Em nosso caso, quanto à questão do pecado, não podemos ser inocentados, pois somos realmente culpados e justamente condenados pela Lei de Deus (Romanos 3:9-20). Por isso, diz Paulo “nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento (a condenação) do pecado!” O Salmista exclama:“Se tu Senhor, observares (guardares no teu registro) as iniqüidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido!” (Salmo 130:3,4)

 

 

     A Bíblia deixa bem claro que a lei de Deus condena a todos os homens e que ninguém pela sua própria justiça pode ser justificado diante de dEle. O próprio Jó perguntou há séculos: “Como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9:2). O homem pecador necessita de perdão, não de justiça! E é justamente isso o que Deus concede ao pecador  quando este O procura arrependido dos seus pecados e confiando unicamente em Jesus como seu Salvador. O publicano, um verdadeiro malandro, “desceu justificado para sua casa” (Lucas 18:14) por ter confiado na graça de Deus!

 

 

      Mas um criminoso perdoado pelo governante seria apenas isso, um criminoso perdoado, levando para sempre a mancha do seu crime aos olhos da sociedade!! Entretanto Deus perdoa ao pecador de um modo diferente. Nossos pecados são complemente removidos (João 1:29; Salmos 103:12), lançados para trás das costas de Deus (Isaías 38:17), lançados nas profundezas do mar (Miquéias 7:19), e totalmente esquecidos por Deus! (Hebreus 10:17-18). . Ele perdoa o pecado, “mandando-o embora”, como quer dizer exatamente o termo “remissão” (Lucas 24:47; Hebreus 9:22).

 

 

      Há crentes que dizem: “Não posso esquecer dos meus pecados. Perseguem-me dia e noite!” Mas devem aprender que em Cristo todos eles foram apagados (Isaías 43:25) e Deus não tem mais lembrança deles! Sendo assim, por que não ficamos alegres e confiantes na certeza de que nunca jamais teremos que enfrentar tais pecados diante do Tribunal de Deus (João 5:24)? Com efeito, nem compareceremos diante desse tribunal! Comparecemos somente perante o Tribunal de Cristo (II Coríntios 5:10), mas esse julgamento será para definir os nossos galardões (prêmios) e não para sabermos se estamos ou não condenados ao inferno. Isto já foi definitivamente resolvido na hora em que nos convertemos! Naquele instante fomos mais do que perdoados, fomos é absolvidos ou justificados de modo a não sermos mais culpados de nenhum pecado ou crime diante de Deus. (Romanos 4:7 e 8). Eis a glória da salvação que Deus nos dá!

 

 

      Para ser considerada justa, a justiça humana não pode deixar de condenar ao malfeitor. Já a justiça divina achou um meio pelo qual Deus pode justificar (absolver) o pecador (Romanos 4:5) e ainda Deus se manter justo (Romanos 3:26). Como isso é possível? A resposta encontra-se no versículo 24 de Romanos 3: “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”. Deus nos justifica na base do sangue de Cristo derramado na cruz (Romanos 3:25; 5:8 e 9) ou seja, na “redenção que há em Cristo Jesus”. Ele transferiu nossa culpa, nossos crimes e pecados para o Filho de Deus, a Divina Vítima e julgou todos esses pecados na cruz. Ali Cristo bebeu o “cálice” da ira de Deus em nosso lugar, ocorrendo uma perfeita substituição. Nossa dívida para com a justiça divina foi totalmente paga, não restando nenhuma “prestação” para nós pagarmos!

 

 

      Além dos nossos pecados ter sido transferido para Cristo, a justiça que só Ele tem, foi transferida para nós (II Coríntios 5:21). Por isso a Bíblia afirma que Deus “imputa(atribui) a justiça sem as obras” (Romanos 4:6). O homem não é justo mas ao crer em Cristo “sua fé lhe é imputada como justiça” (Romanos 4:5) e diante de Deus é “achado nele, não tendo a sua justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé” (Filipenses 3:9). Em outras palavras, o réu é levado diante do Juiz. O próprio Cristo é o advogado (I João 2:1, 2). Ao contrário de acusar o réu, Ele diz “Pai, eu tomei o lugar desta pessoa. Meu sangue foi derramado por ela”. Quando então se procuram acusações contra o acusado, nenhuma é encontrada! Então o pecador é liberado, saindo do tribunal totalmente livre de culpa, justificado que foi pelo Juiz de “toda a terra” (Gênesis 18:25; Romanos 8:1).

 

 

     Se o tribunal mais alto do Universo já nos absolveu, quem poderá  nos acusar? “Se Deus é por nós, quem será contra nós!” (Romanos 8:31). Nem o Diabo pode derrubar os crentes da posição em que se encontram diante de Deus, embora os acuse “dia e noite” (Apocalipse 12:10), pois os crentes o vencem “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho” (Apocalipse 12:11)! Vê-se então que a justificação é uma posição “nesta graça em que estamos (inabalavelmente) firmes” (Romanos 5:2), posição esta que nunca poderá ser alterada. O crente está definitivamente absolvido de todo pecado diante da lei divina (Atos 13:38-39). “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica!” (Romanos 8:33). “Quem os condenará?” Certamente não será Cristo, pois é ele “quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós!” (Romanos 8:34).

 

 

      Podemos definir a justificação como sendo um ato definitivo de Deus a favor do pecador, pelo qual ele é declarado justo, inocente e livre de culpa para toda a eternidade. Sendo assim, a Justificação está relacionada com a nossa “posição” e não com o nosso “estado”! O crente pode estar em estado de fraqueza e até pode fracassar na vida espiritual, mas sua posição permanece inabalável! Que consolação e segurança este conhecimento nos traz!

 

 

      2) A Justificação pelas Obras. Já escuto alguém protestando: “Mas não diz a Bíblia em algum lugar, que o homem é justificado pelas suas obras e não somente pela sua fé?” Sim, é verdade que a Bíblia diz isso. “Pois bem, então não existe aqui uma contradição?” Não! Quando o apostolo Tiago fala isso ele esta se referindo à justificação diante dos homens – pelas palavras e ações! Paulo afirma que Abraão foi justificado pelas obras mas “não diante de Deus” (Romanos 4:2). Diante de quem então foi ele justificado pelas suas obras? Diante dos homens! (Tiago 2:21-24).

 

 

      Tiago diz que uma fé vazia e vã, que não produz obras, não pode trazer salvação! (Tiago 2:14). Digamos assim: você se converte e diz aos amigos: “Agora estou convertido, sou filho de Deus e creio em Cristo como meu Salvador”. O que vão então passar a fazer? Vão vigiar você para ver se o que você falou é verdade, se esta tal fé é autêntica! Como disse Tiago “Mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras!” (Tiago 2:18). Não é difícil perceber que a questão aqui não é a nossa posição diante de Deus. Deus pode ver os nossos corações e nos justifica no instante em que aceitamos Cristo como nosso Salvador (Atos 13:38, 39), mas os homens aguardam ver os frutos da nossa fé ou seja, uma vida transformada, para depois crer na realidade da nossa confissão.

 

 

     Ser justificado “pelas obras” (Tiago 2:24) se refere a um testemunho ou comportamento que mostre e convença aos homens que somos de fato pessoas que se arrependeram dos seus pecados, renunciando a prática do pecado. Nada tem a ver com nossa posição de perdido ou salvo perante Deus! Praticar as obras da fé não para sermos salvos mas como conseqüência e prova de que estamos salvos. Não faz sentido um homem dizer-se justo e salvo se sua vida é imunda e falha!

 

 

      Em resumo, pode-se dizer que a justificação perante Deus se refere a nossa posição eterna de justos diante de Deus; já a justificação perante os homens se refere à nossa conduta ou comportamento.

 

 

     Convém lembrar que quando Deus nos justifica, Ele nos declara justos mas não nos faz justos. Nas próximas lições estudaremos os outros vocábulos,  a REGENERAÇÃO e a SANTIFICAÇÃO, que descrevem como Deus nos torna justos e santos de verdade! Deus não solta um criminoso perdoado nas ruas para que continue numa vida de crimes! Ele nos regenera e nos transforma para que levemos vidas de verdadeira santidade!

 
 

   Questionário da lição 6

  1. Como a Bíblia chama os três aspectos (passado, presente e futuro) da nossa salvação?
  2. Qual é a diferença de significado entre “perdão” e “justificação”?
  3. Por que o homem não pode se justificar diante de Deus pela sua própria justiça?
  4. Quando somos perdoados dos nossos pecados, o que Deus faz com os nossos pecados?

    5)   De que maneira Deus pode justificar o ímpio (injusto, pecador) e ainda manter a Sua justiça?

    6)  Qual é  o tribunal diante do qual os crentes foram justificados ou absolvidos de todos os seus pecados?