A Ordenança da Ceia (Continuação)2

 Assunto: A Ordenança da Ceia (Continuação)

Texto Básico: I Cor. 10:14-22; 5:1-13.

 

Texto Áureo: “Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão.” (I Cor. 10:17)

 

    Introdução

      Nesta lição continuaremos a estudar as restrições bíblicas impostas à  Ceia do Senhor. Esta ordenança não somente faz menção ao corpo e ao sangue de Cristo oferecidos na cruz, como também determina certas condições para que a igreja local possa celebrá-la, as quais são:

  1. A unidade do corpo. Segundo o texto áureo, a participação na Ceia tem sentido tanto coletivo como individual. Comer de um mesmo pão significa ou simboliza ser membro da igreja local celebrante (“somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão”). A Ceia portanto é restrita aos membros de uma mesma igreja local, não sendo licita a participação de algum eventual visitante. Também significa que não se trata de uma ordenança denominacional  ou interdenominacional. Se algum crente vier a se queixar de tal restrição, convém lembrá-lo que a porta está sempre aberta ou seja, que se ele quiser participar da Ceia numa igreja batista, basta ingressar nela conforme as normas neotestamentárias.
  2.  

  1. A pureza do corpo. Em linguagem figurada, Paulo afirma que a igreja de Corinto estava com “fermento velho” na massa ou seja, que entre eles havia membro levando vida incorreta e devassa. Exorta-a então a “limpar-se” deste fermento (excluir a este membro de comportamento indigno) para que pudesse celebrar a Ceia com “pães ázimos da sinceridade e da verdade” (I Cor. 5:6-8). Com isso aprendemos que a Igreja tem que zelar para que não participe da Ceia alguém que “dizendo-se irmão”, leve uma vida escandalosa e prejudicial ao Corpo (I Cor. 5:11). Mais uma  vez se comprova que a Ceia é um ato coletivo e não somente individual. Daí concluirmos que:
 

     3. A Ceia é restrita quanto aos participantes

     a . O participante tem que ser um crente biblicamente batizado. Na “Grande Comissão”, Cristo mandou que a Igreja fizesse e batizasse discípulos e depois os ensinasse “a guardar todas as coisas que eu  vos tenho mandado” (Mat. 28:19,20). Esta ordem se manteve no dia de Pentecostes, quando os que  “de bom grado receberam a sua palavra (a pregação de Pedro) foram batizados”,  “naquele dia

acrescentados” à Igreja e depois “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão (a celebração da Ceia),  e nas orações (o culto público)” (Atos 2:41,42). Em nenhum caso encontramos crentes não batizados tomando a Ceia, nem tão pouco pessoas não convertidas!

     Como os Batistas admitem à mesa do Senhor somente pessoas que tenham sido batizadas biblicamente, as razões que impedem uma Ceia entre crentes batistas e de outras denominações começa pelo batismo.

     

     b . O participante da Ceia tem que ser membro da igreja local celebrante, sujeito à disciplina da mesma. Repare que Paulo ensina em I Cor. 5:6-13 que a igreja não deve “nem comer” com alguém que dizendo-se irmão “for devasso, ou avarento, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador”, mandando que julgue seus membros ou seja, que exercite o poder de disciplina sobre todos os que se aproximam da mesa do Senhor (I Cor. 5:12,13; II Tess.3:6; I Cor. 10:21).

 

     Alguns crentes afirmam que a igreja local não possue o direito de julgar se os seus membros podem ou não participar da Ceia, bastando que cada um faça um auto-exame. É verdade que todos os participantes da Ceia devem examinar-se previamente (I Cor. 11:28), mas esse auto-exame é para quem já foi considerado apto pela igreja. O contexto exclui a possibilidade de darmos a Ceia para os visitantes. É absoluta a necessidade do comungante ser membro da igreja celebrante, pois senão como poderá ocorrer o julgamento pela igreja se ele está ou não em condições de participar? “Deus julga os que estão de fora” da igreja, mas “não julgais vós os que estão dentro?” (I Cor. 5:12,13)

 

     c. A igreja celebrante precisa estar unida e em paz. Dissensões e heresias doutrinárias na igreja em Corinto tornaram impossível que celebrassem a Ceia (I Cor. 11:18-20). Como pode ser certo então crentes de diversas doutrinas tomarem a Ceia juntos? Além disso, para conservar a idéia de “corpo”, é imprescindível que ela seja celebrada pelos membros da igreja local reunidos num mesmo lugar (“quando vos ajuntais na igreja...num lugar” – I Cor. 11:18,20) e em conjunto (“Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros ” - I Cor. 11:33). Concluímos que a Ceia deve ser celebrada por uma igreja local unida, tanto em doutrina como numa vida de santidade coletiva.

 

      Esta ordenança foi confiada às igrejas locais e cabe a elas verificar que seja conservada em sua pureza original. Por esta razão Paulo responsabilizou a de Corinto pelas irregularidades lá encontradas quanto a Ceia (I Cor.11:2, 17-23). Lembremos que todas essas instruções foram endereçadas a uma igreja local (I Cor.1:1,2).

 

     Em oposição à nossa crença, alguns crentes argumentam que “todos nós estaremos juntos no Céu. Como é que vocês batistas se recusam a comungar conosco aqui na Terra?” Respondemos que sejam quais forem as condições celestiais ou no futuro reino de Cristo, o Batismo e a Ceia pertencem à Igreja aqui e agora. Afinal, será que batizam no Céu? É claro que não. Mas a Igreja é mandada a batizar aqui na Terra. O mesmo pode ser afirmado em relação à Ceia.

      Alguns batistas oferecem a Ceia para qualquer visitante também batista, enquanto outros a admitem somente  para os próprios membros da igreja local. É nossa convicção que apenas esta ultima  posição é a correta. Alem das razões já explicadas no inicio desta lição para não praticarmos a Ceia “aberta”, lembremos que essa prática permite a participação de pessoas eventualmente não  preparadas espiritualmente, já que é impossível para a igreja celebrante naquele momento averiguar a situação dos visitantes. Por isso recomenda-se que somente os próprios membros, devidamente preparados, sejam autorizados pela igreja a tomar a Ceia.

     Quanto aos nossos irmãos de outras igrejas, eles não deveriam ficar ofendidos com este nosso zelo, até porque eles têm suas próprias igrejas para tomar a Ceia. Se estão de passagem, viajando a passeio ou a negócios, é por pouco tempo e logo voltarão a suas igrejas. Se moram muito longe de suas igrejas, por que não solicitam transferência e passam a comungar com uma mais próxima?  Será que um batista tem o direito de dar opinião e voto numa eleição de pastor ou em qualquer outra decisão de uma  igreja que ele estiver visitando? É claro que não. Porque então teria direito a outra coisa que também pertence exclusivamente aos membros daquele corpo local, o de participar da Ceia?

      Acrescentamos que a posição batista da “Ceia Restrita” é coerente com a doutrina da “igreja local e visível”, a qual nos distingue dos evangélicos em geral. Eles crêem na existência de uma tal Igreja Universal e Invisível, pois confundem “A Família de Deus” que de fato abrange a todos os salvos (Ef.2:19; 3:15), com “A Igreja”, que consiste em congregações locais de crentes biblicamente batizados e organizados para levar avante a obra de Cristo aqui na Terra. Não excluímos do Céu e nem da Ceia a ninguém que esteja disposto a cumprir todas as condições bíblicas!!!

 

      Exortamos com amor que os irmãos de outras igrejas batistas ou não batistas examinem a nossa posição com sinceridade, pedindo a Deus que lhes mostre se ela é bíblica ou não. Nós simplesmente desejamos cuidar fielmente dos “negócios” do Senhor “até que ele venha” (Luc.19:13)

 

      Questionário da lição 30

      1.   Conforme I Cor. 10:17, o que significa usar um único pão na Ceia?

  1. Qual o significado simbólico do “fermento velho na massa” mencionado por Paulo em I Cor.5:6-8 ?
  2. O que é que o Batismo tem a ver com a participação de alguém na Ceia?
  3. Afinal, onde está na Bíblia que a Igreja tem o direito e o dever de julgar aos seus membros? Qual é o assunto deste trecho?
  4. É certo ou errado levar na casa do membro enfermo um pedaço do pão e um pouco do suco de uva para que ele também possa tomar a Ceia? Justifique sua resposta.
  5. O que você diria a um irmão batista que nos visitasse e ficasse ofendido por não lhe ser oferecida a Ceia?