A Autoridade da Igreja

 Assunto: A Autoridade da Igreja

Texto Básico: Mateus 16:18 e 19.

 

Texto Áureo: “E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mateus 16:19).

 

      Introdução

      Existem duas opiniões estremadas quanto a questão da autoridade de uma igreja. De um lado, a Igreja Romana se apegou ao versículo acima para estabelecer a suposta autoridade do papa e dos bispos romanos para ditar o que é certo ou errado em matéria de religião, bem como para absolver, ou seja, perdoar pecados dos membros desta denominação. Por outro lado, as “igrejas evangélicas”, passaram para o outro extremo ao afirmarem que a igreja não possui autoridade alguma sobre o crente individual, que o crente só é responsável diante de Cristo e que a igreja nada tem com a sua particular. Evidentemente veremos também qual é a posição bíblica adotada pelos batistas. Vejamos os resultados práticos dessas posições:

  1. A posição Romana

     Pela interpretação adotada oficialmente pela Igreja Católica Romana, ela se coloca na posição de mediadora absoluta entre o pecador e Deus quanto a alcançar a salvação, arrogando a si o direito, pelo exercício das “chaves”, de abrir ou fechar a porta do céu para o pecador. Em outras palavras, ensinam que não se pode obter a salvação fora da Igreja Romana e que uma pessoa excomungada pelo papa está condenada ao inferno.

     Houve algumas modificações doutrinárias na Igreja Romana nestes últimos anos, mas não houve mudança nas que se referem às “chaves”. Continuam afirmando que o papa tem o direito de mudar qualquer prática ou doutrina da igreja pelo exercício destas “chaves”. Por isso, quando citamos a Bíblia para condenar qualquer erro desta denominação, a resposta é sempre a mesma: “O papa não precisa de um texto bíblico para tal doutrina. Possuindo ele, as “chaves” de (São) Pedro, é inspirado pelo Espírito Santo para fazer qualquer modificação que lhe convier.” Como veremos adiante, o uso dessas “chaves” pelo apóstolo Pedro, é bem definido e não dá o direito a qualquer homem ou denominação de supostamente abrir ou fechar o Céu para alguém.

    B) A posição Protestante

     Uma boa parte dos evangélicos não da à igreja local de Cristo o devido valor, porque confundem a Família de Deus com a Igreja de Cristo. Por isso muitos destes crentes desprezam a disciplina da igreja. Não é raro o caso de uma igreja aceitar na sua comunhão, sem escrúpulo algum, uma pessoa excluída por outra igreja.

      Muitos crentes tratam a igreja como se fosse uma organização qualquer, uma mera sociedade humana. Não falta até quem coloque a Loja Maçônica acima da própria Igreja de Cristo! Conheço batistas que deixam de assistir a uma reunião de oração em sua igreja para participar de alguma reunião da maçonaria!        

  1. A posição bíblica e Batista

     O que significam afinal as palavras de Cristo encontradas em nosso texto áureo? O que realmente são “as chaves” entregues a Pedro?

     a) Como saber orientar alguém sobre como obter a salvação. Podemos entender o significado de possuir “as chaves” comparando o texto áureo com Mateus 23:13 e Lucas 11:52. Os fariseus sentavam “na cadeira de Moisés” (Mat.23:2), ou seja, a Lei de Moises estava em suas mãos. Mas em vez de dar ao povo as riquezas da Palavra de Deus e o conhecimento da salvação, eles mesmos deixavam de obedecer à Palavra e impediam que os outros a ouvissem e obedecessem. Neste mesmo sentido, os apóstolos (não somente Pedro!) receberam de Cristo o Evangelho para ser anunciado a todas as pessoas, não para fechar o Reino dos Céus, mas sim para facilitar a entrada. Pedro afirmou ter tido o privilégio de ser o primeiro entre os apóstolos a abrir a porta do reino para os gentios (Atos 15:7; 10:42-48). Nesse caso, o poder das “chaves” é um poder declarativo, ou seja, o de declarar o caminho da salvação para todos.

     b) Como sendo instrumento da revelação divina. É verdade que os apóstolos, na qualidade de instrumentos da revelação divina, falando sob a inspiração do Espírito Santo, usavam essas “chaves” de uma maneira toda especial e única. Porém mesmo eles não tinham o direito de “fechar” a salvação para alguém ou de mandar para o inferno.

     Quando na igreja em Jerusalém foi discutida a questão relativa a opinião de alguns que queriam  obrigar os crentes gentios a se submeterem à Lei de Moises para se salvarem, Pedro usou “as chaves” e “desligou” aquelas normas mosáicas ao afirmar com toda a autoridade que bastava que eles cressem em Cristo para serem salvos (Atos 15:9-11).

       Em Atos 8:18-24  e 5:1-11, vemos que Pedro podia por vezes discernir até o que se passava no coração de alguém, como nos casos do mágico Simão e do casal Ananias e Safira. Mas Paulo, como era um apóstolo igual a Pedro, também possuía este poder, como fica demonstrado em Atos 13:7-12 ao tratar com o falso profeta Elimás.

     c) Como autoridade da igreja para excluir membros rebeldes. Essas “chaves” estão relacionadas com a própria autoridade de Igreja de Cristo, conforme podemos observar em Mateus 18:15-20, onde vemos os altos privilégios conferidos a Pedro pessoalmente em Mateus 16 sendo estendidos aos demais apóstolos e à igreja como instituição. Um irmão excluído por uma igreja deve ser considerado como “gentio e publicano”. Dirigidas a crentes de origem judáica, essas palavras eram muito fortes pois os gentios e os publicanos eram excluídos dos direitos e privilégios  religiosos dos judeus. Portanto a expressão ensina que o membro excluido perdeu os privilégios e deixou de ter o direito de participar das atividades da igreja. Ao excluir um membro, sua igreja não o condenou ao Inferno, mas sim se “apartou” dele cortando as relações de comunhão. Esta decisão oficial da igreja a respeito do membro rebelde é descrita como já tendo ocorrido no Céu: “já tendo sido...desligado” (v.18) porque simplesmente confirmou a situação daquele crente, que já havia se cortado a comunhão com o Pai celestial devido ao seu pecado. A igreja estará reconhecendo e reforçando este fato ou situação ao cortar as relações com o membro errante.

     Em I Cor.5, Paulo passa a autoridade do exercício das chaves no “ligar e desligar” para a igreja local de Corinto: “Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para a destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” – (vers.4 e 5). A Igreja tem autoridade e o dever de “julgar” os que estão "dentro” dela (os seus membros), até para determinar quem pode ou não “comer” isto é, participar da Ceia do Senhor (vers.11-13). Ela também tem autoridade para julgar casos de litígio entre irmãos (I Cor. 6:1-8). “Não sabeis vos que os santos hão de julgar o mundo?” (vers.2)

    Em resumo, a Igreja na qualidade de agência ou representante de Cristo na Terra, faz uso das “chaves” que recebeu, da seguinte maneira:

  1. Declara os termos da salvação para todos, através da pregação do Evangelho (II Cor.5:18-21)
  2. Exerce a disciplina de Cristo sobre a vida dos seus membros
  3. Exerce o direito de exclusão aos membros desobedientes e rebeldes, impedindo-os de tomar a Ceia e caçando-lhes a posição de membro
  4.  

  1. Declara o membro errante culpado ou perdoado, de acordo com as suas atitudes (II Cor.2:6-11); nesse sentido Jesus deu aos apóstolos o direito de “perdoar ou reter” os pecados dos homens (João 20:22-23).
 

     Caber frisar aqui que a ação disciplinaria da igreja, se for realizada biblicamente, será reconhecida e levada em conta até mesmo quando os crentes forem julgados no Tribunal de Cristo. Lembremo-nos que isso não envolve nenhum risco de perder a salvação, pois mesmo o membro da igreja em Corinto que por praticar um pecado hediondo deveria ser excluído, teria o espírito salvo no dia do Senhor (I Cor.5:5). Todavia devemos lembrar das enumeras conseqüências negativas perdas nesta vida e que qualquer crente rebelde, que tenha recusado submeter-se à disciplina da Igreja de Cristo, será sem duvida excluído do privilégio de fazer parte da “Noiva de Cristo”. Seus pecados, nesse sentido, ficarão retidos!

     Questionário da lição 18

  1. Qual a posição da Igreja Católica a respeito da autoridade de uma igreja?
  2. Qual a posição dos evangélicos a este mesmo respeito?
  3. Qual a posição batista?
  4. O que significa possuir as chaves do reino dos céus?
  5. Como os apóstolos usaram esta autoridade de possuir “as chaves”?
  6. Como é que a autoridade que os apóstolos receberam passou para as igrejas de Cristo?

    7.   Todas as igrejas que existem hoje em dia possuem esta autoridade? Por que?