A Disciplina na Igreja

 Assunto: A Disciplina na Igreja

Texto Básico: II Tessalonicenses 3:6-16

 

Texto Áureo: “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós que sois espirituais encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.” (Gálatas 6:1).

 

      Introdução

      Muito embora uma igreja de Jesus Cristo deva ser composta exclusivamente por pessoas nascidas de novo, “novas criaturas em Cristo” (II Cor. 5:17) e portanto “participantes da natureza divina” (II Ped. 1:4), é ainda inevitável que aconteçam “escândalos” (Luc.17:1), mas “ai daqueles por quem vierem”! Tais escândalos ocorrem em parte devido a velha natureza adâmica (do pecado) que ainda reside nos crentes. Se um crente verdadeiro não “mortificar” a sua velha natureza, poderá vir a ser tão influenciado por ela a ponto de cometer horríveis pecados e provocar graves problemas na igreja. Um crente nesta situação é chamado de “crente carnal” (I Cor. 3:1-4). Por outro lado, por mais que uma igreja se esforce para “peneirar” os candidatos ao batismo, de vez em quando ingressarão pessoas não salvas. Ou de propósito ou por engano, os tais querem passar por crentes, mas nunca foram realmente convertidos e, portanto continuam andando na carne como todo homem natural, o que provocará graves problemas mais tarde. Existe o “joio” (Mat. 13:36-42), que por imitar ao trigo, pode eventualmente penetrar na igreja. Não é fácil para nós distingui-los, mas Deus se compromete a revelar mais cedo ou mais tarde aqueles cuja fé não é autentica (Fil. 3:15; Apoc. 2:23).

      Por causa dos escândalos, a igreja acha-se na obrigação de exercer a disciplina, e precisa fazê-lo com segurança e certeza de estar agindo biblicamente:

  1. As finalidades da disciplina

     É sempre melhor prevenir e evitar os problemas do que remediá-los. Mas quando surgem, é melhor trata-los ou remove-los do que permitir que fiquem na igreja! Portanto a disciplina possui duas finalidades: a pureza da igreja e a recuperação espiritual do irmão caído. Consideremos primeiramente:

     1.A pureza da igreja. A igreja de Cristo é a “luz do mundo” (Mat. 5:14-16; Fil. 2:15) e o “sal da terra” (Mat.5:13). Ela não pode ter “comunhão com as trevas” nem “se prender a um jugo desigual com os infiéis” (II Cor 6:14-7; Ef.5:11). O espírito de Cristo e o do mundo são contrários um ao outro (I João 2:15-17) e portanto a igreja é obrigada a usar a “vara da disciplina” para se conservar limpa e ao mesmo tempo mostrar ao mundo que ela se opõe ao pecado e ao mal de qualquer forma que seja.

     A corrupção de uma igreja pode começar por um só membro. Por isso o apostolo Paulo pergunta: “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” (I Cor.5:6 e Gal.5:9). Se a igreja não excluir do seu meio o elemento que a corrompe, ela, com efeito, estará dizendo que concorda com ele! (I Cor. 3:16,17).

     2.O bem espiritual e a recuperação do irmão caído. O objetivo da disciplina é o de “ganhar o irmão” (Mat. 18:15), “encaminhar (restaurar) o tal” (Gal.6:1), entregando-o à autoridade de Satanás “para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” (I Cor.5:5). Em outras palavras, qualquer ação disciplinar da igreja visa a recuperação e restauração do irmão à comunhão com Cristo e com a igreja. De maneira alguma essa ação deve ser tomada num espírito de vingança ou amargura contra o ofensor. Deve sempre ser considerada uma necessidade dolorosa e executada com toda a solenidade, fazendo o excluído e toda a igreja sentirem o quanto é triste e sério ser cortado de uma igreja de Jesus Cristo! Lembremos que a primeira ação disciplinar registrada na Bíblia, ainda na primeira igreja em Jerusalém, foi executada por Deus mesmo, quando feriu de morte ao casal Ananias e Safira. Repare no resultado: “E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas... Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles; mas o povo tinha-os em grande estima. E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais.” (Atos 5:11-14). A disciplina não é brincadeira e uma igreja que a pratica biblicamente terá o respeito tanto dos seus próprios membros como também do mundo!

     As ofensas que requerem ação disciplinar podem ser divididas em duas categorias, as ofensas pessoais entre indivíduos da igreja e as ofensas gerais, cometidas contra a coletividade da igreja.

  1. Ofensas pessoais 

     As instruções de Cristo em Mat. 18:15-18 ensinam claramente como devem ser tratadas as ofensas pessoais ou particulares (“Se teu irmão pecar contra ti” - v.15). O primeiro passo é o irmão ofendido ir diretamente e sem demora (este é o significado no grego do verbo “vai”) falar com o ofensor em particular, sem ter previamente comentado o caso com ninguém. Muitas vezes, numa discussão franca e fraternal a ofensa pode ser resolvida e os irmãos reconciliados sem ser necessário levar o caso mais adiante. Caso porem isto não aconteça, o ofendido deverá pedir a um ou dois irmãos bem espirituais que o acompanhem para mais um encontro particular com oofensor, sem comentar o problema com mais ninguém. Os dois convidados servirão de testemunhas e conselheiros, ouvindo a defesa do ofensor e julgando os espíritos e as atitudes dos dois. Se o caso não for resolvido desta maneira, então e só então o assunto deverá se tornar público, sendo apresentado à igreja para que ela se torne a árbitra no caso. Ao chegar ao conhecimento do pastor, ele deverá sempre averiguar se os dois primeiros passos foram cumpridos rigorosamente. Se não foram, tanto oofendido como o ofensor, se tornarão sujeitos a disciplina por não terem obedecido às ordens de Cristo! Mas, se ocorreram as duas tentativas sem resultado, a igreja considerará o caso, ouvindo as acusações e a defesa do acusado. Se for comprovado que o ofensor está errado mas ele não quiser se arrepender, endireitar a situação e pedir desculpas ao ofendido e à igreja, ele deverá ser excluído, “tornando-se igual a um gentio e publicano”. Essa expressão já foi explicada como significando sua exclusão da comunhão religiosa (a perda dos direitos de participação nas atividades da igreja) e também da comunhão social (não ser convidado para festinhas, aniversários, “ir comer uma pizza” etc). Isto não significa não poder comer junto, na mesa da cozinha, com uma filha ou marido porque este membro da família foi excluído!

     Se um irmão ficar sabendo que alguém se ofendeu com ele, tem o dever de ser o primeiro a buscar a reconciliação (Mat.5:23,24). Não adianta dizer: “Mas ele não devia ter ficado ofendido!”. É importante lembrar que nossos atos de culto não serão aceitos por Deus se estivermos “de mal” com algum irmão! Por outro lado, de acordo com as instruções acima, o ofendido não deve esperar que o ofensor o procure, pois também tem o dever de buscar a reconciliação. Que bom quando os dois se encontram a meio caminho, dispostos a resolver logo o problema!

     ofendido deverá respeitar o parecer e decisão da igreja. Também é importante que esteja disposto a perdoar ao ofensor, lembrando-se que o objetivo é “ganhar” o irmão e não ser causa do seu afastamento da igreja. Jesus deixa bem claro que somos obrigados a perdoar de verdade quando o irmão ofensor se desculpa e pede perdão (Luc.17:3,4; Mat.18:23-35).

     Pecados perdoados tornam-se assuntos “mortos e enterrados. O irmão que insistir em querer “ressuscitar” a uma questão já tratada, a um assunto já confessado e perdoado, se tornará forçosamente sujeito à disciplina da igreja por carregar mágoas em seu coração! (Col.3:12-14; Ef.4:2, 31,32).

  1. As ofensas gerais

     São pecados cometidos contra a igreja inteira. Bebedice, roubo, assassinato, adultério e desonestidade nos negócios são exemplos de pecados tão graves que comprometem seriamente ao testemunho da igreja e por isso precisam ser tratados sem demora (I Cor.5;1-5; 9-13) e sem parcialidade (Gal.5:10). Nestes casos a igreja deve excluir ao irmão errado mesmo que ele tenha confessado seu delito, para que o mundo saiba que a igreja não apóia o seu pecado. É lógico que depois de “passar vergonha” e se arrepender de verdade do seu pecado, ele poderá ser readmitido à comunhão da igreja (II Cor.2:5-8), pois a sua recuperação é justamente uma das finalidades da disciplina.

      Em certos casos (apenas uma testemunha, acusação por incrédulos), será necessária que se faça uma investigação antes de tomar qualquer atitude pois precisamos tomar cuidado com a maledicência (I Timóteo 5:19). Em outros casos, a recuperação pode ser efetuada sem ser preciso recorrer à exclusão, como, por exemplo, no caso de um irmão que muito entristecido e espontaneamente busque o perdão da igreja.

      Se um irmão for pego cometendo um pecado, Gálatas 6:1 indica que quem deu o flagrante, deverá exortá-lo, com uma postura de mansidão e humildade, não para humilhá-lo, mas sim “encaminha-lo”. Aliás, nunca se deve tratar de um caso de disciplina com um espírito de exaltação (descontrole, irritação, orgulho)!

     Outro motivo de exclusão é a “Heresia” (Rom. 16:17,18).. “Hereje” é aquele irmão que não somente crê numa doutrina falsa (contrária às doutrinas fundamentais da igreja), como também se empenha em ganhar adeptos para a tal doutrina dentro da própria igreja, causando assim uma divisão. Antes porém, de excluir o hereje, é necessário “uma ou outra admoestação” (Tito 3:10,11).

     Depois de uma exclusão, os irmãos da igreja não devem manter a mesma intimidade social ou religiosa com o disciplinado, para que ele sinta a força da disciplina. Ao mesmo tempo, “não o tenhais como inimigo, mas admoesta-o como irmão” (II Tess.3:14,15), o que implica em algum contato com ele. O sentido é que quando os irmãos da igreja o encontrarem, não deverão tratá-lo “como inimigo”, mas sim aproveitar a ocasião para relembrá-lo do amor que a igreja tem por ele e que continuam orando pelo seu arrependimento. A Bíblia é clara em ensinar que antes do ofensor ser readmitido à comunhão com a igreja, ele deverá “produzir” verdadeiros “frutos dignos de arrependimento”, manifestados por mudança de comportamento, abandono de atitude arrogante e notória tristeza (II Cor.2:7).

    Questionário da lição 19

    1.Ocorrem “escândalos” na igreja devido a natureza ...........................que ainda reside nos crentes e também à presença de pessoas que não foram realmente................................... e que por engano ingressaram na igreja. (Complete)

    2.As duas finalidades da disciplina dadas na lição foram...........................................................

    3.No caso de ofensas particulares ou pessoais, quais são os três passos a serem seguidos pelo ofendido de acordo com Mateus 18:15-18?

    4.No caso de bebedice ou adultério, a igreja deverá aguardar o arrependimento do ofensor ou exclui-lo sem demora? Qual o trecho bíblico que prova a sua resposta?

    5.Conforme Gálatas 6:1, em casos menos escandalosos, com que espírito devem os irmãos espirituais exortar ao irmão errado?

    6.Como um irmão excluído deve ser tratado pelos demais irmãos da igreja? Cite o versículo.