A Ordenança do Batismo (Continuação)2

 Assunto: A Ordenança do Batismo (Continuação)2

Texto Básico: Lucas 20:1- 8

 

Texto Áureo: “O batismo de João era do céu ou dos homens?”. (Lucas 20:4).

 

    Introdução

      Há  alguns anos atrás, foi descoberto na cidade de São Paulo um cartório que funcionava sem a devida autorização do governo e em 2003, uma delegacia de policia no centro da cidade, igualmente “fria”. Todos os registros de nascimento e de casamento foram declarados inválidos e tiveram que ser repetidos em cartórios legalizados. Os procedimentos e ações legais daquela “delegacia” também não tinham nenhum valor. É claro que o tal cartório e a falsa delegacia foram imediatamente fechados e os falsos oficiais presos e processados. É claro que ninguém pôs em dúvida a necessidade de tomar essas providencias e compreenderam, embora lamentassem, que estava certo os seus documentos não terem valor algum.

      Por estranho que pareça, justamente numa questão tão importante como é o batismo, muitos não entendem porque é tão imprescindível que o ministrante ou batizador seja alguém devidamente autorizado e reconhecido no Céu! Alguns teólogos evangélicos chegam a afirmar que o ministrante não tem nenhuma importância, mas que qualquer pessoa pode batizar desde que seja crente. Eles dizem que a prática milenar batista de “rebatizar” pessoas que tenham recebido batismos irregulares não passa de “fanatismo” e “sectarismo”.

 

      Tendo já examinado o candidato, o modo e a finalidade corretos do batismo, veremos agora qual a base bíblica para a exigência de ser batizado por alguém divinamente autorizado:

 

      d) Um ministrante autorizado

      A primeira pessoa que recebeu de Deus uma ordem para começar a batizar pessoas foi um tal de João o Batista. Muitos pensam que “O Batista” era o sobrenome dele, mas o seu nome não era “João Batista” e sim apenas João (João 1:6; Lucas 1:13). Trata-se na verdade de um titulo que significa “o batizador” ou “aquele enviado a batizar”, indicando o cargo ou serviço que recebeu de Deus (Mateus 11:11,12). Ele já era “o Batista” antes mesmo de começar a batizar, pois nasceu com esta missão divina (João 1:6). Quando foi interrogado pelos enviados das mais altas autoridades eclesiásticas do seu país a respeito de quem lhe havia dado ordens de batizar (João 1:19,24,25), ele não vacilou em declarar que tinha sido o próprio Deus ( “Mas o que me mandou a batizar com (em) água, esse me disse...” - João 1:33), desta forma reclamando para si o direito divino de ministrar este ato.

     Evidentemente Cristo achava muito importante ser batizado por um ministrante autorizado, pois viajou a pé cerca de 100 km em busca do único que poderia batizá-lo em nome de Deus. Este homem era João, que ministrava seu batismo nas águas do rio Jordão, perto do encontro deste rio com o Mar Morto.

      Os judeus já costumavam praticar a cerimônia do batismo em certas ocasiões, mas João foi o primeiro a fazer isso por ordem de Deus, como ordenança de uma nova época que se iniciava. É claro que o seu batismo não pertencia à época da Lei, pois “a lei e os profetas duraram até João, desde então é anunciado o reino de Deus...”(Lucas 16:16). Na verdade, com o ministério e o batismo ministrado por João, começava a era do evangelho de Jesus Cristo: “Principio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus; como está escrito no profeta Isaias: Eis que eu envio o meu anjo (João, o Batista) ante a tua face” (Marcos 1:1,2). João, como precursor de Jesus, foi quem deu inicio a era “cristã” ou a época da igreja.

      Carece de base bíblica o ensino de que o batismo de João era “transitório” ou “intermediário”, valendo apenas até ser superado por um “batismo cristão” iniciado no Dia de Pentecostes. Esta posição nega a continuidade do batismo começado por João e chega ao absurdo de negar que o próprio Senhor e os apóstolos tivessem recebido o batismo “pra valer”, já que todos eles só foram batizados por João. Mas a verdade é que eles em momento algum renunciaram ao “batismo joanino” ou pediram outro para a igreja. Muito pelo contrário, foi até considerado obrigatório ter sido batizado por João para poder ser um apóstolo (Atos 1:21,22).

     Cristo declara que os “fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele” (Luc. 7:30). Em outra ocasião Jesus os desafiou com a pergunta do nosso texto áureo: “O batismo de João era do céu ou dos homens?” (Lucas 20:4), a qual se tornou para eles um grande dilema, não sabendo o que responder (Lucas 20:5-8). Muitos hoje em dia têm o mesmo problema, não querendo admitir que o batismo de João ainda tenha valor, pois eles não podem traçar a origem do batismo que receberam senão a até uns poucos anos atrás. Nós os Batistas somos os únicos que afirmam a validade permanente do batismo de João e cremos que o mesmo teve continuidade através dos apóstolos, que começaram a batizar após serem constituídos em Igreja, ainda na presença do próprio Jesus e simultaneamente a João (João 3:22-24; 4:1,2), atribuição esta confirmada por Jesus ao dar à Sua igreja a Grande Comissão ainda antes do dia de Pentecostes (Mateus 28:18-20). Cremos que o batismo de João continuou através dos séculos pelo batismo ministrado entre outros pelos paulicianos, valdenses e anabatistas, chegando aos dias atuais em que é ministrado exclusivamente pelas igrejas batistas neotestamentarias.

      Analisando um pouco mais a Mateus 28:18-20, notemos que Cristo afirma a Sua autoridade universal (v. 18) e baseado nela dá a ordem de evangelizar, batizar e doutrinar (v.19-20). Batizar “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” significa algo muito importante e não apenas a repetição de um simples chavão, pois “em nome de” significa “pela autoridade de”. Sabemos que falsificar cheques dos outros é considerado crime e dá até cadeia! Da mesma forma, ninguém tem o direito de falar que batiza autorizado pelo Pai, Filho e Espírito Santo a não ser que seja autorizado a fazê-lo por uma igreja ligada historicamente às igrejas organizadas pelos próprios apóstolos.

      Cristo deu a Grande Comissão aos apóstolos na qualidade de componentes da Sua igreja e não em caráter pessoal, pois senão como ela continuaria valendo após a morte deles? Tanto os apóstolos entenderam bem isso que, ao organizarem novas igrejas, passavam para elas a autoridade de batizar e tomar a Ceia, tornando-as assim as fiéis depositárias destas ordenanças (I Cor. 11:2; II Tes. 2:15).

      Convém lembrar que são as igrejas que batizam e não os pastores ou missionários. Estes obreiros apenas agem autorizados por elas e as representando, pois nenhum homem tem em si mesmo esta autoridade. É exatamente isto que o apóstolo Paulo precisou ensinar aos corintios (“Porque Cristo enviou-se não para batizar, mas para evangelizar” – I Cor.1:14-17), pois alguns membros daquela igreja se consideravam batizadas por ele e se orgulhavam disso!!! (I Cor. 1:13-16).

      Embora a Igreja seja edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas” (Efésios 2:20), os apóstolos não tiveram sucessores. Já a Igreja continua existindo até hoje na qualidade de instituição, como, aliás foi prometido pelo próprio Senhor Jesus (Mateus 16:18,19; 28:18-20; Efésios 3:21). Por isso cremos que nunca houve um dia sequer em que não existissem igrejas locais descendentes das apostólicas em algum lugar do mundo. Podemos estar convictos de que existem ainda hoje igrejas que possuem aquela mesma autoridade outorgada por Cristo à igreja em Jerusalém. Qualquer teoria sobre ter ocorrido o desaparecimento da igreja e a sua restauração por algum reformador, pregador ou “profeta”, carece completamente de fundamento bíblico e põe em dúvida a capacidade do Senhor fazer valer a Sua promessa a respeito da invencibilidade da Sua Igreja !!

      Não devemos nos envergonhar do nome “Batista”. Afinal, um nome divinamente dado ao primeiro batizador é perfeitamente adequado para designar as igrejas que continuam ministrando aquele mesmo batismo, não é mesmo?

      Na próxima lição estudaremos um interessante caso de “rebatismo” registrado no livro de Atos e as razões bíblicas para isto ter ocorrido. Também analisaremos o significado da expressão “batismo alheio”.

      Questionário da lição 26

  1. Qual era o nome próprio de João? Que significa “O Batista” e porque recebeu este titulo?
  2. Qual fato bíblico demonstra que Jesus fez questão de ser batizado por alguém que fosse um ministrante dotado de autoridade divina?
  3. O batismo ministrado por João o Batista, era temporário ou permanente?
  4. A autorização que Jesus deu aos apóstolos para batizarem foi dada em caráter pessoal (para eles como indivíduos) ou em caráter institucional (porque eram eles que formavam a igreja naquele momento)?
  5. Como se deu a continuidade do batismo de João até aos dias atuais?
  6. Quem atualmente possui autoridade divina para batizar?
  7. Com que autoridade os pastores batistas ministram o batismo?