Redenção, Propiciação e Reconciliação

 Assunto: Redenção, Propiciação e Reconciliação

Texto Básico: Levíticos 25:25-34, 47-55

 

Texto Áureo: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, e remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça (Efésios 1:7)”.

 

      Introdução

      Existem vários outros vocábulos empregados na Bíblia que descrevem a nossa salvação. Três dos mais destacados são: Redenção, Propiciação e Reconciliação. Como estão relacionados uns com os outros, eles precisam ser estudados juntos.

 

     A) A Redenção

     No Velho Testamento encontramos uma linda figura da Redenção. Trata-se da tal “lei do resgate”, que valia quando algum israelita era obrigado a vender sua propriedade ou a si mesmo como escravo. Ele poderia resgatar-se a si mesmo, caso ficasse rico, o que era quase impossível de acontecer. A situação mais comum era a seguinte: seu parente mais próximo tinha a obrigação de “remir” ou seja, resgatar a propriedade e a própria pessoa. Este parente era então chamado de “remidor-parente” (Levítico 25:47-49). Outra situação em que alguém se tornava um “remidor-parente” era no caso do seu irmão casado falecer sem ter gerado filhos. Neste caso ele teria que se casar com a cunhada viúva e gerar filhos para que a propriedade do seu irmão não caísse em mãos alheias. Vemos no livro de Rute, capitulo 4, uma ilustração dessa lei de resgate e do papel de remidor-parente. Boaz casa-se com a viúva do filho de Noemi e assim resgata a propriedade deste e ao mesmo tempo providencia o meio de suscitar filhos ao defunto. Vejamos agora como tudo isso lança luz sobre a doutrina da redenção no Novo Testamento.

     Nós estávamos vendidos “sob o pecado” (Romanos 7:14). Cristo tornou-se então nosso “parente”, tornando-se humano (Gálatas 4:4,5), participando da nossa natureza humana em tudo menos quanto ao pecado (Hebreus 2:14-18). A seguir Ele tornou-se nosso “remidor-parente”, nos resgatando e livrando tanto do pecado como  da morte, pagando o preço do nosso resgate não com dinheiro mas sim com o Seu precioso sangue (I Pedro 1:18-20; I Timóteo 2:6; Mateus 20:28; Romanos 3:24; Efésios 1:7; Colossenses 1:14; Apocalipse 5:9; I Corintios 6:20). Nós não tínhamos como pagar o nosso resgate, mas Ele o pagou por nós.

     Outro acontecimento registrado no AT que ilustra nossa redenção é  o da saída de Israel do Egito, a qual é chamada de “redenção” e teve Deus como o redentor deles. Esta libertação ou redenção foi efetuada por meio de duas coisas: SANGUE  e PODER. Foram libertados da morte dos primogênitos pela aplicação de sangue nas portas (Êxodo 12:13) e depois foram tirados do Egito pelo poder de Deus manifestado contra  os egípcios, obrigando-os a libertar o povo de Israel (Êxodo 6:6;  13:14).

      Nós também fomos remidos pelo SANGUE de Cristo e pelo PODER do Espírito Santo. Pelo Seu sangue fomos libertados da culpa, da condenação e do castigo do pecado. (Romanos 8:1). Pelo Espírito Santo somos libertos diariamente do poder e domínio do pecado em nossas vidas (Romanos 8:2). Para completar o quadro da redenção, seremos também libertados ou remidos da presença do pecado em nossos corpos e das fraquezas inerentes a esta situação, por ocasião da nossa ressurreição e glorificação (Romanos 8:23), a qual será realizada pelo PODER do Espírito Santo! (Romanos 8:11). Assim podemos perceber na palavra “Redenção” os três aspectos da nossa salvação: passado, presente e futuro.

     Podemos ainda ressaltar outro aspecto da Redenção simbolizada pela libertação do povo de Israel da escravidão no Egito. O Faraó pode representar  tanto o Diabo, o qual escraviza os incrédulos, como também ao Anticristo. Como Deus forçou o Faraó a libertar os hebreus através de numerosos juízos, assim também Deus mandará pragas terríveis contra o reino do Anticristo, esmagando o seu poderio para que os servos de Deus de todas as épocas sejam ressuscitados e possam exercer o domínio sobre o mundo. Cristo arrebatará o domínio das mãos do Anticristo e o dará aos redimidos. Isto parece ser o fundo de cena que encontramos em Apocalipse capitulo 5, pois lá os salvos cantam: “Porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra!” (Apocalipse 5:9,10). Nossa redenção será completa quanto a nossa experiência, naquele dia em que tomaremos o poder e reinaremos com o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

  1. A Propiciação

     Esta palavra se encontra em Romanos 3:25; I João 2:2 e 4:10. O que significa?  Na linguagem dos pagãos, propiciar a um deus significava que esse deus estava zangado com eles e por isso tinham que oferecer um sacrifício capaz de apaziguar a sua raiva, chegando até a oferecer sacrifícios humanos. Mas na Bíblia não é este o significado desta palavra.

      A tampa da “arca do concerto”, que ficava no Lugar Santíssimo do Tabernáculo, se chamava “Propiciatório” ou seja, “lugar da propiciação”. Era lá que anualmente o Sumo-sacerdote aspergia sangue no “Dia da Expiação” (ou Propiciação) pelos pecados do povo. É verdade que Deus está “zangado” com o nosso pecado e precisa manter de pé a Sua justiça mas, ao mesmo tempo, Ele ama ao pecador. Então Ele tomou a iniciativa e mandou Seu próprio Filho para ser nossa “propiciação”, visto que nós não tínhamos nada a oferecer que pudesse satisfazer as exigências da Sua justiça.

     Nisto percebemos que, ao contrário dos deuses pagãos raivosos e vingativos, o Deus de Bíblia “é amor” (I João 4:8) e “nos amou de tal maneira que deu seu Filho unigênito” (João 3;16) para que fosse feito propiciação por nós,  cumprindo a justiça divina na cruz e assim satisfazendo ou “dando satisfação” a Deus por nossos pecados. (I Pedro 2:24; 3:18). Esta satisfação chama-se "propiciação” ou “expiação” e é de tal maneira completa e perfeita que os pecados dos crentes não ameaçam a salvação deles e nem precisam interromper a comunhão entre eles e Deus, pois basta se arrependerem e confessá-los para que obtenham o perdão definitivo (I João 1:7; 2:1,2,12).

  1. Reconciliação

     Quando o homem pecou, levantou-se uma barreira entre ele e Deus, surgindo uma inimizade entre os dois. Deus sempre se ira com o pecado e o homem, com sua consciência manchada, tem medo e até ódio do seu próprio Criador. Mas Deus provou o Seu amor para conosco, mandando Seu Filho para tomar nosso lugar e morrer como nosso divino substituto, sofrendo aquilo que nós deveríamos sofrer (Romanos 5:7-9). Deus fez tudo isso para acabar com a inimizade entre Ele e o homem, “fazendo as pazes”. Isto se chama “reconciliação” (Romanos 5:10; II Corintios 5:18-21; Colossenses 1:20-23; Efésios 2:11-18).

     Isso tudo significa que Deus ficou completamente satisfeito quanto às reivindicações da Sua justiça que tinha sido ofendida pelo pecado. Ele agora se encontra inteiramente disposto a perdoar e a receber qualquer pecador rebelde que esteja disposto a “depor as armas” e chegar-se arrependido, dependendo de Cristo para obter o seu perdão (II Corintios 5:19).

      Atualmente Ele confiou à Igreja  “o ministério da reconciliação”, pelo qual convidamos os homens a que se reconciliem com Deus:  "Rogamo-vos pois da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus”!  (II Corintios 5:20).

      A Reconciliação portanto tem dois aspectos: do lado divino, Deus já  está reconciliado com os homens pela morte de Cristo. Do lado humano, resta apenas o homem se reconciliar isto é, aceitar este perdão oferecido!

      Mais uma vez constatamos o amor e a grande misericórdia de Deus em providenciar, Ele mesmo, tudo para a nossa salvação.Verdadeiramente “do Senhor vem a Salvação”!  (Jonas 2:9. I Corintios 1:30,31)

    Questionário da lição 12

  1. Como se chamava no Velho Testamento o parente que resgatava alguém que tinha se vendido como escravo?
  2. Como é que Cristo tornou-se o nosso “remidor-parente”?
  3. Como é que fomos redimidos por meio do SANGUE e do  PODER?
  4. Dê uma definição resumida do vocábulo “propiciação”.
  5. Deus já está reconciliado com os homens ou nós temos que ainda apazigua-lo, arranjando um meio de “fazer as pazes” com Ele?