O Arrependimento

 Assunto: O Arrependimento

Textos Básicos: Atos 3:19; 26:17-2

Texto Áureo: “Testificando tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus” – Atos 20:21

     Introdução

 

     Existe uma placa de sinalização de trânsito chamada “Conversão proibida”. Seu sentido é claro, indicando que é proibido dar meia volta, mudando de direção ou rumo. Quando encontrada na Bíblia, a palavra “conversão” possui o mesmo significado, só que em sentido espiritual, fazendo referencia a mudar de rumo na vida moral e espiritual. Não se trata de uma simples reforma, mas de uma mudança profunda e radical feita pelo Espírito Santo no coração do individuo e chamada na Bíblia deRegeneração . A Regeneração, quando olhada pelo lado humano, chama-se Conversão e é composta por dois elementos: o arrependimento e a fé. Estudaremos agora o arrependimento.

 

  1. A importância do Arrependimento

     Mencionamos em lição anterior que o arrependimento e a fé são os únicos requisitos do lado humano para a nossa salvação. A necessidade imperiosa do arrependimento foi pregada por todos os profetas e apóstolos, a partir do próprio João o Batista. Que o arrependimento é essencial para se alcançar a salvação e escapar do inferno, torna-se evidente ao notarmos quantas vezes nas Escrituras os homens são exortados a se arrependerem: 1. Por João, o Batista: Mat. 3:1,2; 2. Pelo próprio Cristo: Mat. 4:17; 9:13; Mar. 1:15; Luc. 13:3-5; 24:47;  3. Por todos os apóstolos: Mar. 6:12;  4.Por Pedro: Atos 2:38; 3:19; II Ped. 3:9;  5.Por Paulo: Atos 17:30; 20:21; 26:20. 

 

     Quando os dois requisitos são mencionados juntos, o arrependimento sempre precede a fé, isto porque a idéia central do vocábulo “arrependimento” é “mudança de ponto de vista” ou seja, é necessário que o pecador mude de pensamento para poder crer em Cristo. Podem ser comparados como a capa e a contracapa de um livro, pois o arrependimento principia a fé e esta lhe completa. Repare nas palavras de Cristo em Mat. 21:32: “Vós, porem, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer!”.Fica evidente que consiste em grande erro querer colocar a fé antes do arrependimento.

 

  1. O que o arrependimento não é

 

      1.A maioria das versões católicas traduz a palavra “arrependimento” por “fazer penitência”, uma expressão que tem um sentido bem diferente. Isto se deve ao ensino católico de que o pecado pode ser expiado pelo próprio pecador através de ações “penitentes” como sofrimento físico, renúncia, atos religiosos como romarias, rezas etc. A Bíblia entretanto ensina que a única coisa que pode remover a culpa e a condenação dos pecados é o sangue de Cristo, o qual “é a propiciação pelos nossos pecados” (I João 1:7; 2:2). Pelo ensino católico, o arrependimento se torna um ato meritório de obras humanas e portanto contradiz a doutrina bíblica da salvação pela graça (Ef. 2:8-10).

 

 

       2.Outra idéia popular é a de que o arrependimento consiste em mero remorso ou pesar pelo erro cometido, Mas como veremos adiante, pode existir tristeza por um pecado descoberto sem que ocorra o arrependimento. Paulo diz que a “tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação”, mas que “a tristeza do mundo opera a morte” (II Cor. 7:10). Como exemplo desta “tristeza do mundo”, temos o caso de Judas que após de ter traído a Cristo,  “arrependido” devolveu o dinheiro que os judeus lhe haviam pago e foi se suicidar (Mat. 27:3-5).

 

 

      É interessante notarmos que no idioma original do Novo Testamento existem duas palavras traduzidas por “arrepender-se”, uma delas significando uma “reflexão tardia” que pode levar ao desespero e a outra “mudar de pensamento ou ponto de vista como resultado de reflexão posterior”. Esta última é a única usada no caso do arrependimento evangélico. Um ladrão pode ter tristeza depois de ser apanhado e preso, mas se esta tristeza não o levar a um arrependimento que resulte numa mudança no rumo da sua vida, ela será apenas  “a tristeza do mundo que traz a morte”!

 

  1. O que é o arrependimento

     Não pode existir arrependimento sem primeiro haver “convicção do pecado”. Uma parte da obra do Espírito Santo é justamente a de “convencer” o mundo do pecado (João 16:8). Esta convicção é produzida pela pregação do evangelho e resulta ou no endurecimento e revolta do pecador (Atos 7:54), fazendo com que resista ao Espirito Santo (Atos 7:51),  ou então no compungimento e contrição deste pecador. O verdadeiro arrependimento passa por três etapas: 1. Tristeza pelo pecado;  2. Confissão;  3.Decisão.

 

      1. Quando falamos em tristeza, estamos nos referindo a “tristeza segundo Deus” (II Cor. 7:7-10), que cria em nós horror ao pecado, um verdadeiro nojo e ódio (Sal.5:17), chamado na Bíblia de compungimento ou contrição. Quando a Palavra de Deus é pregada no poder do Espírito Santo, o coração do pecador é cortado, ele sente seu pecado profundamente e reconhece que é a causa da sua separação de Deus (Sal. 51:4) e que O tem ofendido. Ele compreende com horror o que é por natureza e “se arrepende e se abomina a si próprio diante de Deus” (Jó 42:5,6; Sal. 51:5). Então, humillhando-se, abandona todo o orgulho e confiança em sua própria justiça (Luc. 18:9-14).

 

 

      Isto é realmente uma completa reviravolta de ponto de vista. É  a convicção do Espírito Santo que provoca no pecador o compungimento, pelo qual sente profundamente o seu pecado e agora deseja ardentemente descobrir o caminho da salvação (Atos 2:37; 16:29,30). Este arrependimento é muitas vezes acompanhado de lágrimas (Mat.26:75).

 

      2. Esta mudança leva o pecador a confessar: “Eu pequei contra o Senhor” (II Sam. 12:13), “Ö Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Luc.18:13). Esta confissão é feita a Deus e também diante dos homens (Mat.3:6; Sal.51:1-5; 32:1-5). Ele confessa que é pecador por natureza e tem cometido muitos pecados contra Deus. Ele faz esta confissão sem se justificar ou jogar a culpa nos outros, muito menos em Deus (Sal.51:4). É uma confissão simples e sincera.

     

 

      É patente que muitas pessoas já ingressaram em igrejas evangélicas, mesmo batistas, sem terem passado por esta experiência de sentir seu pecado e confessar com sinceridade que é um pecador! Creio que as igrejas batistas devem exigir das pessoas uma confissão pública de que compreendem que pecaram contra Deus, antes de aceitá-las como candidato ao batismo. Não é exigir mais do que exigiu o primeiro batista!

 

 

      3. O terceiro elemento do arrependimento é a decisão. O verdadeiro arrependimento é incompleto sem um ato da vontade pelo qual o pecador resolve abandonar o pecado e voltar-se para Deus, buscando o perdão e a purificação (Isa.55:6-7). “Arrepende-te pois dessa tua iniqüidade e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração” (Atos 8:22). A frase “arrepende-te da iniqüidade” no idioma grego significa “pelo arrependimento, afasta-te do pecado”, uma expressão que indica o abandono total do mesmo.

 

 

       É nesta altura que o pecador toma uma decisão, mudando o rumo ou a direção da sua vida. É como o filho pródigo que, em vez de apenas ficar lá no chiqueiro sentindo a sua miséria, diz: “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti...” (Luc.15:18). Nisto percebemos que o arrependimento envolve as nossas emoções, o nosso intelecto e a nossa vontade, como quer dizer a Bíblia quando fala a respeito do “coração” do homem.

 

 

       Esta verdade também está ilustrada na parábola contada por Jesus em que um pai manda seus dois filhos trabalhar na sua vinha (Mat.21:28-32). O primeiro recusou dizendo “Não quero. Mas depois, arrependo-se, foi”. Já um bom exemplo de arrependimento fingido temos no caso do outro filho, que disse “Eu vou, senhor; e não foi!”

 

         D)  Os resultados ou frutos do arrependimento

    1.  

    1. O abandono do pecado. Jesus disse à mulher adúltera, mas arrependida: “Vai-te, e não peques mais” (João 8:11). Também se vê no caso dos ninivitas, os quais Cristo disse terem se arrependido pela pregação de Jonas (Mat.12:41; Jonas 3:8-9). O abandono do pecado faz parte dos “frutos dignos de arrependimento” que João, o Batista exigia dos candidatos ao batismo (Mat.3:8).
 

    1.  

    1. Desejo de restituição, quando isto for possível. O Senhor Jesus elogiou a atitude de Zaqueu (Luc.19:8,9).
 

    1.  

    1. As boas obras. Não somos salvos pelas obras, mas elas seguem a salvação (Ef. 2:10; Luc. 3:8-14). A vida do arrependido será a prova mais convincente da realidade do seu arrependimento.
 

 

     Deus manda que todos os homens se arrependam (Atos 17:30,31), desejando que todos assim o façam para que não “pereçam”  (II Ped.3:9).

 
 
 

    Questionário da lição 3

  1. Quais são os dois elementos essenciais da salvação?
  2. Quem na Bíblia ensinou a necessidade universal do arrependimento?
  3. Qual delas acontece primeiro, o arrependimento ou a fé?
  4. Quais são as duas idéias erradas citadas na lição a respeito do arrependimento?
  5. Quais são os três elementos do arrependimento?
  6. Quais são os frutos ou resultados do arrependimento?